terça-feira, 22 de novembro de 2005

e se....

Eu estava pensando exatemente assim "e se..", sobre um monte de coisas, aí me lembrei que a menina que sabe, escreveu já tem um tempinho, isto aqui :

MAQUINA DO TEMPO

do blog Meninas de 30
www.meninasde30.blogger.com.br


Tem perguntas que evitamos nos fazer, porque intuimos que podem trazer respostas dolorosas. Geralmente são assim todas aquelas que começam com "e se". São indagações que nos fazem perceber que a vida, em verdade, em verdade, é uma longa sucessão de encruzilhadas. O tempo todo estamos nos deparando com a necessidade de optar entre duas estradas diferentes. Isso ocorre tão freqüentemente que, às vezes, nem percebemos que estamos deixando um caminho por outro, com gestos ou omissões simples e imperceptíveis.

Podemos passar a vida inteira em estado de inércia, fingindo que não nos damos conta de nossas escolhas e, pior, das conseqüências de nossos atos. Até o momento em que somos pegos desprevenidos pela vida (ou destino, para quem acredita num plano previamente traçado do qual não temos condições de escapar). E somos forçados a olhar para trás, encarando de frente o passado. Poucas situações podem ser tão traumáticas. Porque, ao agir assim, nos enxergamos em toda nossa fragilidade. Percebemos que, em tantas situações, um pouquinho mais de força de vontade poderia ter evitado que fôssemos cruéis, ou insensíveis, ou covardes. Nos damos conta, também, dos momentos de privação de sentidos, que nos fizeram cegos, surdos ou mudos diante da verdade. Talvez o pior seja nos darmos conta do erro de valoração em relação ao próximo. Quantas vezes pensamos que fulano disse isso ou aquilo por inveja, para depois descobrirmos que deixamos de seguir conselho valioso? Quantas vezes afirmamos que alguém estava se fazendo de vítima, para depois descobrirmos que perdemos a oportunidade de ser generosos com quem realmente precisava? Enfim, quantas vezes nos deixamos levar pela casca, para descobrir que o conteúdo era tão diferente do que imaginávamos?

Olhar para trás não é nada fácil, ainda mais diante de uma sociedade que nos impõe perfeição nos resultados, independentemente dos meios. O que "importa" é conseguir chegar. Os atalhos, estradas duvidosas que nos levaram até lá não têm nenhuma relevância, a não ser que possam, de algum modo, aumentar o brilho da chegada ao pódio. Lentamente, ao longo da vida, consentimos silenciosamente com uma cobertura de fino verniz, que nos limita os passos, especialmente aqueles que nos levam a compreender o que fomos. Muito sutilmente, nos pegamos pensando: por que refletir sobre o passado, quando a preocupação com o presente (onde estamos) e o futuro (onde queremos chegar) é tão mais relevante?

A resposta talvez pareça prosaica ou clichê demais. Precisamos pensar o passado porque o crescimento não acontece em linha reta ascendente. Crescer é andar em círculos. Ou melhor: em espirais. Isso significa que, num movimento de crescimento, passamos por tantos momentos da vida inúmeras vezes, indo e voltando a eles para compreendê-los melhor, para perceber o que nos levou a optar por esse ou aquele caminho. Entre outras coisas, agir assim nos permite digerir a sensação de dor ou frustração associada a um determinado momento. Não dá para negar o alívio que isso pode trazer, já que todos nós sabemos o quanto dói esbarrar em determinados estilhaços de vida...

Sim, a felicidade, o sucesso pessoal e profissional são metas absolutamente legítimas. Não há nada de mal em desejá-los. Mas, não podemos cair no erro de admitir que conseguiremos ser bem sucedidos nessa empreitada - isto é, que chegaremos ao fim, sem a consciência do começo e do meio. Por isso, de vez em quando, devemos parar, respirar fundo, olhar para trás e nos indagar, sem medo da resposta, "e se"...

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