terça-feira, 30 de maio de 2006

O que se pode suportar?

O que se pode suportar? O que se tem que suportar? E o que se deve suportar?
Aparentemente são perguntas que não deixam duvidas para serem respondidas mas, será mesmo?
Muitas vezes nos surpreendemos com cenários que vivemos ou presenciamos, “como alguém pode se sujeitar a isto?” , “como pude aturar aquilo?”, “não sei se conseguiria passar por esta ou aquela situação,” e por aí vai..
Os momentos passam em nossa vida, os bons e os ruins, eles vem, ficam o que tem que ficar, ou o que deixamos que fiquem, e depois vão embora.
Enquanto estamos por aqui, precisamos tratar as perguntas acima, e o timing e a sabedoria para lidar com elas é raro, e normalmente uma aquisição, muito, mas muito dolorida.
É importante lembrar que não se deve somente em relação a nós mesmos, mas em relação aos que nos cercam também.
Limites existem para serem respeitados, porque estão lá para preservar, conservar, quebra-los, como, quando, onde e de que jeito já é outra historia.
Vivemos um dia a dia estressante numa sociedade cada vez mais só: trabalhamos sós, isolados em baias, moramos sós, viajamos todos os dias isolados em conduções lotadas ou em nossos automóveis.
A natureza humana é capaz de feitos maravilhosos e outros tantos abomináveis. Tudo depende do gatilho que se dispara.
E somos egoístas, queremos atenção, respostas, prioridade, satisfação e felicidade, tudo ao mesmo tempo e tudo agora, e raramente nos importamos em que condições o fornecedor está operando, nós queremos é a mercadoria.
Somos cliente e somos fornecedores também. Uma cadeia e um círculo, um conjunto de engrenagens que, quando não estão em sincronia, danificam seriamente umas às outras.
Por amor, por respeito, por necessidade, por vício, ou mesmo pasmem, por não saber como fazer de outro jeito, operamos sempre na beira do limite, esbarrando, forçando, esfolando. E por aí vai.
Uma vez nesta situação, assim como nas máquinas, o organismo e a mente se ressentem do esforço, e a barra pesa, o humor acaba, a paciência também, e haja atrito. e você recebe o que gera e pronto esta formado um cenário propício para uma variedade de coisas.
Em situações assim, a parte mais difícil e ter consciência dela, e buscar o seu término, a sua conclusão ou mesmo posturas para suportar os fatos sem prazo de termino.
Acho que agora você entendeu sobre eu falar do quanto pode ser dolorido lidar com isto. Fala-se muito do antes, do depois, mas do durante: ninguém fala nada.
Como faz? o que diz? O que não diz? Falta muito? Não diz nada? E aí?
Invariavelmente terminamos aprendendo da pior maneira, quebrando a cara, se machucando, machucando outros, dureza.
Não há bem que dure para sempre, não há mal que nunca se acabe.
Nestas horas vale a fé, e a confiança, e todos os créditos acumulados dos bons sentimentos, mais a experiência dolorida que já vivemos, para agüentar mais um pouquinho, e mais um pouquinho.. até que esteja tudo concluído.
Afinal a gente faz por aquilo e por quem se ama. Afinal se estamos fazendo é porque o coração mandou, o instinto pediu, a consciência obrigou.
E não importa, não interessa em que estado se fique, o quanto se vai machucar, o quanto vai destruir, o quanto se vai fragilizar, afinal fazemos o que deve ser feito, o que se quer de verdade, é a certeza de que haverá um porto seguro, um lugar para ficar quieto, para curar as feridas, um colo. Não pra esconder, não para desculpar, não para ser conivente, apenas para você arrear os pedaços, refazer o estrago e começar de novo. O pior é que difícilmente a gente acha, porque por incrível que pareça entendem tudo, menos isto..

2 comentários:

Mônica disse...

Daniel, vc foi perfeito da primeira a última linha...

Janaina disse...

Dani, perfeição de idéias. Mesmo. Eu precisava ler alguma coisa assim. Brigada.